Atlântico Sul tem mais 30 dias para atender exigências e manter pauta de encomendas
A Transpetro, subsidiária da Petrobras na área de transporte, decidiu
prorrogar por mais 30 dias o prazo dado ao Estaleiro Atlântico Sul
(EAS) para o cumprimento integral das exigências para que os contratos
de 16 das 22 embarcações encomendadas voltem a ter eficácia. Segundo
nota divulgada ontem, dia em que o prazo original se encerraria, o novo
horizonte deve ser suficiente para conclusão das negociações em curso.
Caso não seja cumprido, o EAS poderá ser punido.Para a ampliação do prazo, a Transpetro considerou o fato do EAS ter fechado acordo com a japonesa IHI Marine United para assistência técnica na construção de embarcações e estar negociando a entrada da IHI como sócia do empreendimento. A ideia é conseguir pelo menos 30% de participação. Além disso, a Transpetro afirma que “o EAS propôs exercer a opção de construção do 7º ao 10º navios da série suezmax, dando continuidade ao projeto da Samsung, já utilizado até o 6º navio da série”.
A suspensão dos contratos de 16 das 22 embarcações encomendadas pela Transpetro ao EAS foi anunciada no fim de maio, cerca de dois meses após a retirada da Samsung Heavy Industries (SHI) da sociedade do estaleiro. O contrato com a SHI previa assistência técnica apenas para os seis primeiros suezmax. No fim de junho, o EAS anunciou a contratação da IHIMU como estaleiro consultor, cumprindo a primeira das três exigências feitas pelo cliente.
Com o novo prazo, o EAS terá agora até 30 de setembro para cumprir as outras duas exigências: apresentar um plano de ação e cronograma confiável de construção dos navios , além de um projeto de engenharia que atenda às especificações técnicas contratuais.
Procurado pela reportagem, o EAS não quis se pronunciar sobre a decisão da subsidiária da Petrobras. Entretanto, em entrevista publicada ontem pelo jornal Valor Econômico, o presidente da empresa, Otoniel Silva Reis, disse que a questão estava na mão da Transpetro. Foi a primeira vez que o executivo falou à imprensa desde que assumiu o cargo, em maio deste ano.
Reis afirmou que sua missão é “neutralizar o caixa e fazer o estaleiro ser produtivo”. Em 2011, o EAS registrou prejuízo de R$ 1,45 bilhão. O primeiro navio, o João Cândido, apresentou problemas nos pontos de solda e foi entregue à Transpetro com 20 meses de atraso. Segundo o presidente do estaleiro, os pontos-chave a serem atacados são treinamento e melhoria dos processos produtivos. O EAS também pretende terceirizar serviços que até então vinha fazendo em casa.
Dos cerca de cinco mil funcionários do EAS, 500 são soldadores. De acordo com Reis, eles agora estão passando por reciclagem e treinamento para evitar novos erros. Otimista com as mudanças que estão sendo implantadas, o presidente do EAS admite que a empresa precisará de mais cinco anos para navegar em “mar de almirante”.
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